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Os mercados mundiais passarão por uma grande correção

08 de julho de 2015

Por Jeffrey Hagenmeier

Os mercados mundiais estão em declínio por quase toda parte. O impasse na Grécia continua, mesmo após o referendo nacional que ocorreu domingo passado.  Os negociadores gregos retornaram a Bruxelas esta semana com basicamente as mesmas propostas de antes. Isto resultou no comentário da chanceler alemã, Angela Merkel, que disse que, definir as bases para um acordo não é possível nas atuais circunstâncias. Os mercados europeus, como consequência, continuam a cair. Na China, o Shanghai Composite, a maior bolsa de valores do país, perdeu 30% de valorização desde meados de junho. Isto está ocorrendo mesmo com as tentativas do governo em diminuir as regulamentações, a fim de ajudar os mercados de lá. As expectativas de crescimento mais baixas no mundo desenvolvido, junto com a queda dos preços das commodities globais, irão prejudicar ainda mais o crescimento das economias emergentes.

A Grécia é o principal tema das notícias sobre negócios na Europa. A dívida externa do país já está em $245 bilhões de dólares (Dólar dos Estados Unidos), dos quais $63 bilhões são da Alemanha, sozinha. Isso em uma nação de pouco mais de 11 milhões de habitantes. A Grécia já deixou de pagar o empréstimo de $1,7 bilhões de dólares que devia ao Fundo Monetário Internacional (FMI) na semana passada, ficando assim inadimplente.

Considerando-se que o país está agora com uma taxa de endividamento de 177,1% em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), basicamente, ele está falido. Mesmo que a economia grega responda por apenas 2% do PIB do mercado europeu, a incerteza do que vai acontecer a seguir está causando um caos nos mercados financeiros em toda a Europa. O efeito cascata desse tumulto que está acontecendo irá fazer com que os investidores fiquem mais cautelosos, causando uma queda nas ações a nível global.

A China tem dois setores superaquecidos, sendo um o mercado imobiliário e o outro o mercado de ações. Como os chineses testemunharam o nivelamento do mercado imobiliário, tanto residencial quanto comercial, os investidores agora estão focando nas ações. No ano passado, esse fenômeno fez com que ações negociadas na Bolsa de Xangai aumentassem de valor em 150%. No início deste ano, com relação ao ano passado, uma maior percentagem da população chinesa estava investindo, mas cada vez mais com dinheiro emprestado.

Bolsa de valores de Xangai

O mercado na China atingiu o seu pico no início de junho. Após isso, veio rápido declínio de quase 30% em apenas três semanas. Até o início de julho as perdas foram equivalentes a $2,4 trilhões de dólares. O governo chinês já tinha feito uma série de mudanças, a fim de facilitar o investimento contínuo nos mercados. Tais mudanças incluem a impossibilidade de se fazer pedido de cobertura (margin call – ocorre quando um corretor, broker, pede a um trader que coloque mais capital na sua conta, por esta violar a margem mínima de manutenção, de forma a que a conta volte a estar acima desse mínimo), mesmo quando os preços das ações estavam caindo rapidamente. Isso permitiu uma venda sistemática de ações, ao invés de um pânico. Não houve esforço generalizado para forçar os investidores a comprometer mais garantias fazendo pedidos de cobertura. Os investidores também não estavam sendo solicitados a vender as suas participações com uma perda. Isso pode estabilizar o mercado no curto prazo, mas não é sensato a longo prazo.

A China cortou as taxas de juros novamente, juntamente com a redução das reservas mínimas. Isso por si só pode não ser uma coisa ruim, considerando que as taxas de juros ainda estão relativamente altas, em 4,85%. O erro foi bombear ainda mais dinheiro público nas próprias corretoras. Isso ocorreu não para dar-lhes uma maior segurança financeira, mas para fazerem ainda mais empréstimos de margem. Além disso, o próprio governo chinês está comprando grandes blocos de ações de importantes empresas. Este é um jogo perigoso e que não vai acabar bem.

Exportações chinesas

A China já está sofrendo com a desaceleração do crescimento. No primeiro trimestre, o crescimento da economia caiu para 7%. Este resultado é devido a um declínio no crescimento das exportações e uma diminuição na construção civil. O país também está acumulando enormes quantidades de dívida. Em 2008, a dívida em relação ao PIB já era elevada, sendo de 150%. Em 2015, a taxa de endividamento aumentou para 250%. É verdade que toda a dívida contraída é interna, mas ainda assim está criando enormes distorções na economia.

A desaceleração do crescimento econômico chinês está afetando negativamente muitas outras nações. As nações mais dependentes das exportações de commodities estão sendo as mais prejudicadas por essa desaceleração. A Austrália é um caso em questão. Com o crescimento desacelerando não só na China, mas também em outras partes da Ásia, a economia australiana está sofrendo bastante com essa situação. Os valores de várias commodities estão caindo. O cobre, por exemplo, está no seu nível mais baixo desde seis anos atrás.

Distrito financeiro de Sydney, na Austrália. Um importante centro financeiro e de serviços.

A mesma situação está ocorrendo na África e em grandes áreas da América Latina. Como a demanda global por commodities caiu ainda mais, essas nações menos diversificadas no seu desenvolvimento econômico estão enfrentando grandes problemas. O crescimento mundial tinha sido originalmente projetado em 3,5% para o ano de 2015. Esta projeção foi reduzida para 2,8%.

Mesmo os Estados Unidos não podem suportar estes ventos contrários. Embora o relatório do primeiro trimestre tenha sido revisto, de 0,07% negativos para -0,02% e, um maior crescimento seja esperado para o último trimestre, a expansão econômica será lenta na melhor das hipóteses. Ontem, a S&P 500 estava experimentando o seu menor nível desde março, entrando em território negativo pela primeira vez no ano. O Nasdaq terminou o dia abaixo de 5000 pontos pela primeira vez desde o início de Maio e, a NYSE sofreu na semana passada com alguns dos maiores declínios diários, em dois anos.

New York Stock Exchange, nos Estados Unidos

Os investidores internacionais agora terão de esperar por menores retornos de suas ações. Como a demanda interna se estabilizou em muitos países desenvolvidos, assim como em vários mercados emergentes, as oportunidades para as empresas se expandirem tornaram-se mais limitadas. Ainda existem vários setores em crescimento, mas, alguns deles são muito mais voláteis. A medida que os valores das ações caiam, novas oportunidades de investimentos em setores tão diversos como o da energia, médico e tecnologia, irão surgir.

O Boletim de Investimentos (Investment Newsletter) deve se adaptar a essa nova realidade do mercado. Os retornos deverão ser reduzidos em um número de casos e, mais shorts serão recomendados. Acreditamos que ainda teremos bons lucros, porém, a um ritmo mais moderado.

 

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